Estilo que contagia
Começou como figura de linguagem, em diversos períodos foi utilizada como forma de protesto, como os textos de Gregório de Matos nos idos de 1600, o conhecido Boca do Inferno, que ironizava o governo português e o clero. Os autores conhecidos ou anônimos não são figuras muito populares nos círculos de poder, pois o objetivo de seu trabalho é desestabilizar a ordem reconhecida.
Hoje, a ironia encontrou terreno fertil para proliferar, as redes sociais. A internet, como uma mãe relaxada, deixa que os seus usuários sejam nivelados por baixo. Ao invés de servir como baluarte do conhecimento humano ou como uma ferramenta de integração humana, a internet tem servido como pretesto para a “destilação de veneno” dos mais diversos grupos.
Cada grupo, ao invés de apenas mostrarem o que possuem de melhor, as suas razões, suas propostas e os seus objetivos, perdem seu tempo e o nosso, divulgando “posts”, imagens e textos, que são apenas para ironizar aqueles com quem eles não possuem afinidade.
Oportunidade perdida
A Internet nasceu de grandes ideais, como conhecimento, informação, comunicação e integração. Uma ferramenta capaz de derrubar os muros da intolerância e dos preconceitos. Mas ao invés disso, se tornou um canal de mesmices e tão direcionado quanto o seu antecessor, a televisão.
As crianças que entram em contato com esse novo mundo não recebem dele aquilo que seria notório em sua formação, o estabelecimento de limites. As informações estão sempre a disposição e de forma indiscriminada, desde os anos 70, os pais tem deixado o entretedimento das crianças a cargo da tecnologia, começou com a televisão e hoje com a internet, ambos deixam a desejar no quesito formação, pois a geopolítica e os interesses se mostram sempre acima daquilo que realmente importa. Um exemplo, a comunicação via chat ou e-mail que por ter necessidade de ser rápida, atropela a linguagem, a ortografia e as regras gramaticais. Os jovens digitam rápido e em qualquer lugar, como no metrô, mas não conhecem a sua língua.
O assunto se torna mais tenebroso quando se trata de moral e ética, a apologia que se faz ao crime, mesmo em tom de brincadeira, por isso, ironia, torna os jovens mais condescentes a ações ilícitas, desde que elas atendam seus objetivos. Se perde a noção de “educação“, do ser gentil, daquele tratar o outro como você gostaria de ser tratado.
Após o Estatuto da Criança e do Adolescente, um código totalmente formado pelo “politicamente correto”, temos que discutir a diminuição da maioridade penal. Será que isso existiria se o ECA não tivesse sido publicado?
O que é “irônico” no ECA é que quem o fez deixa transparecer que o fez por algum ressentimento que teve na infância, alguma surra mal resolvida. Só que se esquece que alcançou o seu cargo ou a sua posição devido aos limites que recebeu na infância. Agora, os jovens que são criados pelo que diz no Estatuto, que futuro lhes reserva, não podem aprender a trabalhar, a se sustentar por si mesmos. Certas coisa só se aprende vivendo, como aquelas regrinhas da honestidade, de manter a palavra e da coerência nas suas atitudes.
A ironia ensina a criticar, mas antes de criticar tem de se aprender a ouvir!
Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano. Voltaire ( filosofo e mestre na arte da ironia)