Irrita você

Andar de coletivos na cidade de São Paulo

Antes de existir essa nova doença, o stress, antigamente quando algo te incomodava somente se chamava “irritação”, mas isso apenas indicava o efeito de raiva produzido em situação que “existem”, mas teoricamente, não deveriam existir. São frutos da falta de diversos fatores humanos essenciais, como educação, bom modos, planejamento e bom senso.

Alguns exemplos de situações típica e cotidianas, infelizmente:

Irrita você, andar de pé no ônibus, somente porque o ponto, no qual você sobe está no meio do itinerário e a maioria das pessoas vai descer um ponto antes do seu.

Irrita você, quando chega no seu ponto, você dá sinal e as cinco pessoas que estão na frente da porta não vão descer e não deixam passagem, mesmo que você peça licença

Irrita você, a velhinha que sobe e fica em pé do seu lado, só porque quer justamente o assento em que você está e o assento destinado a idosos está vago.

Irrita você, o rapaz que carrega até a “pia da cozinha” na mochila e esquece de a  tirar das costas e fica bem no meio do corredor atrapalhando todo mundo.

Irrita você, o ônibus que tem o “sinal de parada” quebrado e quando você aperta o botão, apenas pisca, se você tem fé no motorista, aperta apenas uma vez e se passa o ponto e grita para parar, o cobrador diz que, “o passageiro não apertou o botão e eles não adivinham” e a situação contrária, quando você fica apertando o botão ininterruptamente e o cobrador grita que “hei, não tem interruptor em casa”. Em todos os casos, o passageiro é quem está errado.

Irrita você, entrar num ônibos lotado, que aqui em São Paulo é pleonasmo, pois achar “ônibus vázio” é sinal de muita sorte. Você tentar passar a roleta mas todo mundo se concentra na primeira porta de saída e a segunda porta que fica atráz está vazia e você passa do seu ponto.

Irrita você, e muito, alguém escutando funk num volume alto e compartilhando com todos, aqueles “eufemismos” ao contrário, e na outra mão, o infeliz, carrega um fone de ouvido.

Se você vive outras situações em coletivos que o irritam, nos envia sua história, para mostrarmos aqui.

Comodidade versus Lucratividade

Os objetivos divergentes do transporte público

Muitos negócios são públicos, porque “a priori”, não deveriam dar lucro. Como a saúde, a segurança, a iluminação pública, a coleta de lixo e o transporte público. Mas no caso desse último, as novas formas de se explorar esse filão de mercado, com cooperativas e terceirizados tem criado novos sistemas e padrões de comportamento por parte tanto da Prefeitura como dessas empresas.

As rotas são planejadas para suprir a maior área possível e os veículos são customizados, grandes, pequenos ou médios de acordo com demanda da região. Tendo como objetivo, um uso de quase 100% da capacidade dos veículos disponíveis. Mas como esse planejamento visa a média do percurso, os usuários que estão pegando o ônibus na metade do caminho são prejudicados, pois não encontram lugar para sentar.

Tanto nos terminais de ônibus, como de metro, existe uma padronização que está fazendo os usuários cada vez mais se tornarem passageiros. Pois eles só passam. Diminuem o número de assentos, é difícil encontrar toaletes e em muitos lugares não existem lanchonetes. Os veículos seguem essa tendência com menos assentos e maior vão livre. O design desses serviços deveriam ter como objetivo, o bem estar do público que usufrui do sistema.

Muitas rotas longas, com uma média de 40 km de extensão, deveriam ter melhores aferimentos e alternativas mais curtas, para quem desce no meio da rota ou alternativa para quem sobe no meio da rota, diminuindo a sobrecarga, principalmente nos horários de pico.

Campanhas educativas seriam uma boa alternativa, como para idosos, deficiente e pessoas com criança de colo deveriam evitar os horários de pico, quando os trabalhadores vão para o serviço ou voltam dele. Que os usuários calculem bem o termino da validade do bilhete, para que não fiquem na parte da frente do ônibus mais tempo do que o necessário e quando passarem a catraca irem para o fundo do ônibus, apesar de alguns veículos somente possuírem porta no meio. Se dirija para a porta apenas quando estiver próximo do seu ponto e não fique sentado até o último minuto, para sair correndo quando parar no seu ponto.

Outra coisa, nos terminais, quem estiver sentado deveria ser educado para aguardar quem está de pé, sair primeiro, pois eles saíram mais depressa e já estão cansados de estarem em pé.

Esses detalhes se bem administrados podem ter um pequeno impacto no lucro das empresas e um enorme aumento na nossa comodidade em utilizar o transporte público em nossa cidade.

“Nada denuncia mais o grau de civilidade de um país e de um povo do que o modo de tratar a coisa pública e a coletividade.” Glória Kalil – Consultora de moda

Um pouco de São Paulo

Da garoa ao concreto

Esta cidade pode ser vista de vários ângulos, de muitas formas e em vários horários que uma coisa será sempre igual, ela surpreende. Surpreende ver de manhã, o sol entre arranha-céus como um intruso a nos tocar o rosto, de uma forma quente e singela. Nos surpreende pelos seus tipos estranhos, em cada esquina um manequim diferente que salta aos nossos olhos. Um andarilho que grita, um personagem estranho, vestido como um apóstolo em dia de hallowen.

Gosto de decorar a paisagem por onde o ônibus passa, como se cada prédio ou casa fosse uma palavra nova a ser descoberta. Cada detalhe, curva, cores e texturas que formam textos diferentes em cada trajeto. Como se subir uma rua lhe contasse uma história diferente do que ao descer a mesma.

Vejo os monumentos, que muitas vezes jazem em lugares errados, como estátuas que foram esquecidas em alguma praça, mas que ali nada representam. A sucessão de eras políticas que somente advogam ao favor de uma ideologia, a de quem vence cria essas distrações disformes, ao mexer com a paisagem.

Pessoas, pessoas, pessoas, aquilo que mais se vê aqui são pessoas, de todos os tamanhos, tipos e cores, como se as calçadas fossem arco-iris paralelos as ruas. Se movem o tempo todo e a imagem que olhamos, muda em um piscar de olhos, como se fosse feita de areia. A areia da praia que o mar carrega e muda a cada maré.

Que sorte um poeta poder viver num lugar desses. Um lugar, onde o comum não é nada comum, uma sucessão de nomes estranhos, que se não o forrem, algum especialista o tornará estranho. Como a estação de metrô que chamam de Pedro II. Quem destituiu o rei, cadê o seu Dom ou querem reescrever a história.

Não precisam temer o passado, ele não é um fantasma a lhes tirar o sono, é apenas a sua origem que a cada pedra erguida, a cada monumento erigido constrói uma cidade que não para, não dorme e sempre nos alegra!!!

No ônibus

Os tipos mais comuns em nosso transporte urbano

Apesar de estafante e um lugar para meditação tranquila, se você tem aquele sono pesado, os ônibus servem como vitrine para os mais estranhos tipos, como um psicodélico carrossel ou uma loja de horrores. Um lugar onde podem mostrar suas faces mais ocultas.

Alguns tipos:

  • O clube do motorista: aqueles amigos, parentes ou paqueras que ficam ao lado do motorista ou sentados nas primeiras cadeiras. Sempre felizes em contar as novidades, as últimas fofocas e marcar um evento para depois do serviço.
  • Idoso antipático: é aquele que tira você do assento preferencial, mas nunca está satisfeito, quando o assento está vago quer sentar em outro lugar como quando tem sol demais nesse lado do ônibus.
  • A barraqueira: briga por qualquer coisa, xinga o motorista se está correndo, xinga se está devagar e xinga também se não tiver nem um ou nem outro. Briga com o cobrador se o bilhete é recusado e briga até se ganha a viagem de graça. Vai entender!?
  • O apressado: mal entra no ônibus quer ir até a porta de saída e quando chega lá, fica parado atrapalhando todo mundo, pode ser confundido com o tipo seguinte, o folgado, resta saber quem perturba mais!!!
  • O folgado: diferente do apressado, esse entra no ponto inicial e fica sentado até o seu ponto de sair e só levanta no último segundo, passa por cima dos outros, reclama de quem tá na frente e com sorte (para darmos risada) fica preso na porta.
  • A mulher aranha: ela entra e fica de pé com os braços abertos, se segurando em duas barras diferentes para impedir que se alguém que estiver sentado, ao levantar, deixe que outra pessoa sente. Normalmente ela marca território.
  • O bêbado: conhecido por outros nomes, como fedido ou inconveniente. Fica querendo puxar conversa, como não consegue uma vítima, começa a falar sozinho. Costuma ser pontual e pegar sempre o mesmo ônibus para desespero dos usuários que imaginam ser uma sina ou maldição pegar todo o dia o mesmo ônibus com essa mesma figura.
  • O tarado: não pode ver uma mulher de pé que logo para atrás, mas foge rapidinho quando o cara do lado passa o braço sobre a cintura da mulher e prova que ali tem dono. Só se dá bem com o tipo seguinte.
  • Falsa Puritana: se cobre da cabeça aos pés mas não pode ver homem que logo quer dar uma beliscadinha. Se algum representante para atrás dela com uma distância segura, ela logo resolve isso. Com um ou dois passinhos para trás.
  • Viciados em tecnologia: vivem com i-phones, i-pads, celulares e smartphones a mostra, com fones de ouvido ou tirando fotos de si mesmos. De tanto se mostrar, podem ter seus amigos roubados na primeira parada.

Entre tantas espécies, esse zoológico humano é bastante versátil e surgem novos tipos a cada dia.

Se você não gosta de fazer parte disso, se lembre ao votar que o único que não faz parte disso, é o político, que depois de eleito anda de carro oficial e não de ônibus. Cobre dele uma posição firme e melhorias em nosso transporte.