Quem sabe as diferenças entre direita e esquerda?
Percebo ultimamente que muitas pessoas, de boa fé, estranham os textos publicados pela internet que ressaltam sobre diferenças ideológicas e suas consequências em nossa sociedade moderna. Pessoas com um mínimo de bom senso, se perguntam por qual motivo se escreveria um texto para se combater uma coisa como o comunismo, se todos bem sabem do fim da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e sobre a abertura de mercado na China.
Para uma pessoa com uma cultura mediana, isso bastaria para indicar que os escritores desses sites, estão “caçando fantasmas” ou são paranóicos e acreditam em “teorias da conspiração”. Mas na verdade, não é nada disso, o perigo é real e ele espreita em cada esquina. Contudo, fica a pergunta: como perceber a diferença?
Quando você se depara com um texto de esquerda, seja ele escrito por um militante ou por uma pessoa de boa fé que estará divulgando idéias marxistas e na maioria das vezes, nem sabe disso, quais são os pontos a verificar? Geralmente os textos tem um fundo apelativo, ou seja, recorre ao emocional do leitor para que obtenha a sua adesão, a sua lógica aparenta ser correta. Possui uma cadeia de idéias, geralmente baseadas em premissas universais. Em outras palavras, coisas óbvias e de conhecimento geral, mas o erro ocorre ao finalizar o pensamento, o resultado é sempre desviado daquilo que seria o correto!
Um exemplo de um autor esquerdista:
“Porque nossa tradição gramatical e pedagógica ainda sofre de um arraigado espírito colonizado. Muitos desses supostos “erros” só recebem essa classificação porque não fazem parte dos usos dos portugueses, do outro lado do Atlântico. Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional de língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua… Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora. Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português do que em toda a Europa!”
O texto é uma entrevista com Marcos Bagno, aparenta ter uma certa lógica e a príncipio, qualquer pessoa concordaria, todos sabemos que o nosso idioma veio de um país de outro lado do Atlântico e que as regras não mudaram de forma radical nos últimos anos, mas qual é o conceito que ele passa, qual é a moral dessa história? Ele sempre entra nas questões sociais como se isso fosse a razão para usarmos ou não corretamente a nossa língua. Não aceitam as regras e as tradições linguísticas como se isso fosse alguma doença e tratam os escritores como “persona non grata” e querem sempre que se retire o ensine da gramática no ensino fundamental. No fundo, uma forma de alterar o modo operante do profissional docente e alterar a sua posição na sociedade.
Isto está perfeitamente embasado pelas obras de Antonio Gramsci, “Cadernos do Cárcere” que podem ser resumidas assim: “amestrar o povo para o socialismo antes de fazer a revolução. Fazer com que todos pensassem, sentissem e agissem como membros de um Estado comunista enquanto ainda vivendo num quadro externo capitalista.” O que significa que o profissional (docente) teria seu papel social totalmente reformulado e aquilo que o torna uma pessoa capacitada para exercer a sua atividade seria jogado no lixo. A legitimidade estaria comprometida, pois os conhecimentos que, a priori, seriam o mínimo necessário para que pudesse exercer a profissão não poderiam mais ser cobrados, pois eles ensinariam sem as regras, combatendo a tradição e a normatização vigente.
Outra questão que esse e outros autores colocam é que nossa posição de “terceiro mundo” (espírito colonizado) e dependência de outras nações seria devido a esse idioma, contudo, aos testarmos essa teoria, vemos não ser verdade. Qual outro país que foi colonizado no mesmo período que o nosso, por uma nação europeia, possui uma grande extensão de terra e diversos “regionalismos” e que ainda mantém o idioma e as regras originais de sua língua?
Resposta: Os Estados Unidos da América, país este, que não possui qualquer dependência e está em posição mais privilegiada do que sua antiga metrópole. Se o número de falantes, como ele cita acima, pudessem alterar de qualquer forma a escolha do idioma ou as suas regras, os Estados Unidos já teriam alterado as deles e diferente daquela música italiana “parla americano”, o nome do idioma deles é inglês (english) ainda.
Dica: não existe ainda oficialmente um português brasileiros, como muitos pregam.
Quando D. Pedro I realizou a Independência do Brasil, ele não imaginava que precisavamos de uma indepência linguística, visto que ele era português nato e nem sequer os seus sucessores, como na Proclamação da República cogitaram tal alteração. Outra coisa, bastante óbvia, que eles tanto divulgam é que a língua falada é diferente da escrita. Com certeza isso existe e não irá se alterar mesmo com as “mágicas” propostas desses autores. Não parece “gritante” que a fala possui diferenças no seu modo de uso com os modos da escrita e que podemos pronunciar palavras iguais com entonações diferentes e conseguimos com isso, outros resultados. Na fala, existem onomatopéias (sons de objetos, animais ou situações) que são dificeis de reproduzir na forma escrita. Por sua vez, as regras escritas uniformizam os textos e permitem que falantes de diferentes níveis possam se entender. Não se trata de nenhuma imposição, isso é uma convenção e o fazemos para poder nos comunicarmos.
Um detalhe importante, alguns dizem que não existe regras para o português coloquial, pura balela, existem tantas regras quanto no escrito, contudo, o regionalismo, os grupos sociais com que se relaciona e os níveis exigidos em cada situação fazem com que o falante altere suas formas de expressão e lance mão de um vocabulário ou de outro a cada momento, ou seja é uma flexibilização. Para verificar isso, faça um teste, se não existem regras, vá até uma praça pública e procure pedir informações falando como o Tarzan do cinema e veja se as pessoas não vão o considerar como um doido.
Aproveitando o ensejo, isso foi proposital, aqui caberia um comentário sobre o famoso “preconceito linguístico” que tanto pregam, faça o mesmo proposto acima utilizando um vocabulário e uma entonação regional diferente do lugar que se encontra para verificar as reações dos passantes. Segundo “psico-intelectuais” (psicologo + pseudointelectual) existe uma guerra acontecendo lá fora e você será terrivelmente agredido. Pois bem, posso afirmar que não ocorrerá mal trato algum, sou sulista e meu sotaque é “gaúcho” e desde que vim para São Paulo, sou bem recebido em qualquer lugar que vou e no máximo, tiro algumas risadas com alguns termo oriundos de minha terra.
Para quem se sente constrangido em não saber usar todas as regras gramaticais, existe um consolo, muito poucos o sabem, contudo, jogar pela janela os livros de regras deliberadamente é uma atitude leviana. Usam o fato das crianças não poderem guardar todas as regras como motivo para não se ensinar regra nenhuma. Ignoram a evolução cognitiva das crianças e das alterações que ocorrem quando essas se deparam com a escrita. Diferente da fala, a escrita requer uma maior atividade abstrata, pois se trata um símbolo que independe do objeto e do falante e que pode dar resultados diferentes por causa das diversas combinações possíveis.
“Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, “puxando” dela um novo conhecimento. “Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil”, diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.”
Mesmo que você não guarde todas as regras, o conhecimento delas altera a sua forma de pensar. Um questão que apareceu há muitos anos atrás, foi o gibi do Chico Bento. As professoras de Português levantaram a hipótese de que as crianças poderiam começar a falar errado ao lerem esse tipo de historinhas. Contudo o que se presenciou foi bem diferente, as crianças entendiam o universo do personagem e que a sua fala era apenas uma característica dele. Da mesma forma, quando liam histórias do Cebolinha não começavam a trocar os “r” pelo “l”.
Grandes Autores
Existe ainda quem defenda a retirada da grade currícular, do estudo de Grandes Autores de nossa língua para os estudantes e que eles não trariam benefícios aos mesmos. O que eu lí ultimamente aparenta ser o seguinte, os Grandes Autores seriam apenas para mostrar as formas de linguagem que estariam em desuso e seriam apenas para exemplos gramaticais. Contudo, devemos ressaltar que os assim chamados “Grandes Autores” não eram essencialmente docentes ou linguistas, possuiam profissões distintas e não contribuiram apenas para a expansão e o uso do nosso idioma, contribuiram em muitas áreas do conhecimento humano. Luis Vas de Camões era soldado mercenário, Fernando Pessoa era tipógrafo, Carlos Drummond de Andrade era farmacéutico formado e funcionário público, alguns eram médicos, outros engenheiros e todos contribuiram de alguma forma. Mas parece estranho que tentem estudar a língua e suas origens sem esses ilustres personagens, o que querem ocultar de nossos jovens? Qualquer filosofo diria que o melhor conselho é “ler” e ler muito para se obter todos os pontos de vista e não ser engando pela primeira impressão dos fatos. Quem lhe disser que não necessita disso, responda “isso é balela”, todos os regimes autoritários tentaram coibir a difusão de idéias e até mesmo com a queima de livros. Não aceitem de forma alguma que isso se repita!
Finalizando, você perceberá que os textos de direita se divergem em vários pontos, são pensadores livres que possuem pensamentos diferentes uns dos outros e estão defendendo valores como a tradição, a propriedade, a liberdade e a religião, cada qual em seu grau de posicionamento e de sua forma. Talves não concorde com um ou com outro, mas isso é próprio da política liberal. Contudo os esquerdistas estão sempre em uma mesma linha, um mesmo pensamento, quando um é desmascarado, outro o substitui. Por isso se assemelham tanto.
“Como você diz que é um comunista? Bem, é alguém que lê Marx e Lênin. E como você diz um anti-comunista? É alguém que entende Marx e Lênin.” Ronald Reagan
Dica de leitura: O Alienista de Machado de Assis, que expõe temas como a observação da sociedade, estatísticas e modos de comportamento. Quem julgo os outros loucos, acaba se descobrindo mais louco ainda.
fevereiro 20, 2014
Categorias: Católico, Ciência, Comunicação, Economia, Educação, Geopolítica, História, Politica, Sociais . Tags:autores, diferenças, direita, docentes, educação, esquerda, filósofos, filologia, grandes, ideologias, internet., linguística, métodos, mídia, pedagogia, professores . Autor: angelinoneto . Comments: Deixe um comentário