O gerenciamento e as abelhas

Como as abelhas tomam decisõesGet and pass these bees by eyes, olfactories, tendrils and proboscis.

Muito tem se discutido sobre a inteligência coletiva, diversos trabalhos foram feitos sobre animais que costumam andar juntos, como as formigas, os peixes, as aves e as abelhas. Como o coletivo, muda o comportamento do indivíduo e como as ações conjuntas aparentam ter um certo grau de organização e como as decisões são tomadas em situações de múltiplas escolhas. Qual o melhor lugar para obter alimento, qual a melhor direção a tomar e qual o melhor momento para se sair da comunidade.

As abelhas são famosas por causa de decisões acertadas, diz o dito popular que em “local que se tem um enxame de abelhas é livre do perigo de fogo”, mas como isso é possível. O experimento abaixo do biólogo Thomas Seeley, realizado em uma pequena ilha ao sul do Maine:

“No fim da primavera, quando a colmeia atinge sua lotação máxima, a colônia em geral se divide, e a rainha, alguns zangões e cerca de metade das operárias voam por uma pequena distância e agrupam-se em um galho de árvore. Ali as abelhas ficam enquanto uma pequena porcentagem delas sai em busca de novo local para estabelecer a colmeia. O lugar ideal seria uma cavidade em uma árvore, distante do chão, com um pequeno buraco de entrada voltado para o sul e muito espaço interno para os filhotes e o armazenamento de mel.

Para descobrir como as abelhas tomam essa decisão, a equipe de Seeley aplicou pontos de tinta e minúsculos marcadores de plástico para identificar todas as 4 mil abelhas em cada um dos vários enxames pequenos que levaram para a ilha Appledore, onde está instalado o Laboratório Marinho dos Baixios. Ali, em uma série de experimentos, eles soltaram cada um dos enxames para que localizassem caixas que haviam sido deixadas em um dos lados da ilha, que tem cerca de 1 quilômetro de extensão e, embora seja coberta de arbustos, quase não tem árvores ou outros lugares para as colmeias.

Em um dos experimentos, os cientistas prepararam cinco caixas, das quais quatro não eram grandes o bastante e apenas uma tinha o tamanho ideal. As abelhas exploradoras logo descobriram as cinco caixas. Quando voltaram ao enxame, cada uma delas realizou uma dança que incentivava outras exploradoras a darem uma olhada. (Essas danças incluem um código com indicações da localização de uma caixa.) E a intensidade da dança refletia o entusiasmo da abelha exploradora com o local. Pouco tempo depois, dezenas de exploradoras sacolejavam suas perninhas, algumas para uma das caixas, outras para as outras, e logo viam-se pequenas nuvens de abelhas em volta de todas as caixas.

O momento decisivo não ocorreu diante do agrupamento principal de abelhas, mas junto às caixas, para onde voaram as exploradoras.Assim que a quantidade de abelhas diante do buraco de uma caixa chegava a 15 – um limite confirmado por outros experimentos –, elas se davam conta de que o quórum mínimo havia sido alcançado, e voltavam para o enxame principal com a novidade. “Era uma corrida”, diz Seeley. “Qual local seria o primeiro a atrair 15 abelhas?”

As exploradoras vindas da caixa escolhida então dispersavam-se pelo enxame, avisando que era hora de mudança. Assim que se aqueceram, todas as abelhas decolaram juntas para o novo lar – exatamente a melhor das cinco caixas.

Regras nas escolhas

As regras usadas pelas abelhas para chegar a uma decisão – buscar várias opções, estimular a livre competição entre as idéias e recorrer a um mecanismo eficaz para restringir as escolhas – deixaram Seeley tão impressionado que agora ele as aplica no departamento que chefia na Universidade Cornell.“Usei o que havia aprendido para conduzir as reuniões do departamento”, conta ele. A fim de não chegar a uma reunião já com uma opinião formada, ouvir apenas o que a confirmava e pressionar os outros para que a adotassem, Seeley solicita ao grupo que identifique todas as possibilidades, que troquem idéias durante algum tempo e, em seguida, façam uma votação secreta. “Isso é exatamente o que fazem as abelhas do enxame, proporcionando ao grupo um tempo para que surjam as melhores idéias.”

Na verdade, quase todo grupo que seguir as regras das abelhas vai-se tornar mais inteligente, argumenta James Surowiecki, autor do livro A Sabedoria das Multidões. Investidores no mercado de ações e cientistas em um projeto de pesquisa podem ser grupos inteligentes, diz ele, sempre que seus membros sejam diversificados, com opiniões próprias e recorrerem a algum mecanismo – uma votação, um leilão, um rateio – para chegar a uma decisão coletiva.”

Na administração

Esses experimentos provam que é possível se criar uma inteligência coletiva ao se dispor indivíduos com opiniões próprias e cada qual com seus argumentos em um determinado local e aguardar para que cheguem a melhor decisão. O fato é isto funciona se não existir um individualismo na situação mencionada ou a procura de um líder. As abelhas funcionam a tanto tempo porque suas decisões são tomadas seguindo esse sistema e não porque uma abelha se tornará a chefe. Procurar um líder em um sistema de inteligência coletiva é como “dar um tiro na água”, a resposta para o problema proposta será encontrada, como também ela será a melhor resposta, mas a soma das inteligência individuais, que coletaram, cada qual, diferentes informações, foi o meio pelo qual possibilitou a se chegar em tal resposta.

O gerente eficaz, escuta todas as opiniões e mais as suas, realiza uma soma de benefícios e um rateio de riscos, dentro de um ambiente de oportunidades e eventuais ameaças para chegar a melhor decisão. Sempre pautado pela visão de negócios da empresa e balizado pela missão que estará formulada  na estratégia de marketing.

As decisões das abelhas nesta forma dão respaldo a fama de “seguras” que elas possuem, ou seja, elas não tomariam decisões de risco em um mercado extremamente competidor e se tomarem, com certeza será uma decisão com resultado “morno”, elas não assumiriam riscos. Da mesma forma, gabinetes com executivos “seniors” não costumam investir em negócios novos com poucas informações.

Os milionários da Internet

Pessoas como Bill Gates (Microsoft), Mark Zukerberg e Steve Jobs são exemplos de indivíduos que tomaram decisões com pequenas bases de dados a respeito de seus mercados, afinal, não existia mercado para micros naquela época, eles conheciam as bases da tecnologia que se tornaria o mundo da informática. Ninguém tinha ideia de como o público reagiria e quais as utilidades práticas para tais equipamentos, tanto que as expectativas foram totalmente derrubadas com as atuais formas com que a utilizamos.

“As pessoas não sabem o que querem até você mostrar a elas.”

Steve Jobs

Esta frase mostra o paradigma da administração “humana”, o de criar “necessidades”, ou seja, o bom administrador não apenas mantém aquilo que está dando certo, ele cria novas situações que são responsáveis por novas expectativas em uma inovação constante e Steve Jobs, pelo seu trabalho foi o exemplo vivo de criar “necessidades”, ou alguém imaginava um dia “querer ter” um tablet ou i-phone. As formigas e abelhas procuram novas colmeias e ninhos, comida e se refugiarem das intempéries (chuva, fogo) e de predadores, ou seja, “necessidades conhecidas”.

Resumo

A inteligência coletiva é uma ótima ferramenta para decisões seguras em ambientes controlados, que possuem informações a serem coletadas por diferentes formas, através de pessoas com diferentes opiniões, para juntos, chegarem a melhor decisão. Não seria o ideal em ambientes e mercados altamente competitivos com poucas informações e sistemas ainda em “experiência”.

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