A guerra das línguas

Para que lutar pelo seu patrimônio?

Há quem ache que a sua língua materna não vale nada, de que falar é apenas um ato de comunicação e que como os modos de comunicação, pode ser cambiável de acordo com a situação, em vez de TV use o celular ou a Internet. Contudo essas pessoas ignoram a história e sobretudo a geopolítica. Ignoram que em muitos lugares do mundo existem guerras sendo travadas devido ao direito de povos de possuirem e manterem a sua língua materna.

Hoje, o nosso país é um lugar tranquilo em relação ao nosso idioma, por isso abre caminho para teoria esdrúxulas (estranhas mesmo!) que desejam fazer alterações de normas e julgam que devemos nos alinhar com a forma falada em Portugal. Ou seja, não existe o menor nexo nessas teorias, querem tirar a linha principal da língua e querem ao mesmo tempo, tornar compatíveis formas faladas totalmente distintas. Não existe a menor coerência nisso.

Para os que acreditam que nesse país somente exista paz e amor, vou contar uma breve história: vim de uma região marcada pelas colônias estrangeiras, uma terra de imigrantes que vieram de muitas regiões diferentes, como espanhóis, italianos, japoneses e alemães. Cada qual com o seus respectivos idiomas nativos e que aos poucos aderiam ao português como língua comum, contudo no período da II Grande Guerra, o nosso presidente Getúlio Vargas, pressionado pelas forças aliadas proibe o uso de línguas oriundas dos países do chamado Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e se inicia uma perseguição aos imigrantes que falassem taís idiomas. Conheci pessoas dessa época, pessoas que guardam marcas dessa violação de seus direitos. Alguns se rebelaram e para manterem vivo a sua cultura e a sua língua se refugiavam em fazendas ocultas e pouco contato tinham com pessoas do mundo exterior. Preferiram se isolar à ter que perder a sua identidade.

A crise da Criméia

Essa terra que já foi marcada por guerras no passado é palco de uma  disputa pela Rússia e pelos Estados Unidos. A Rússia diz manter tropas lá devido a grande parte da população local ser falante do idioma russo e que esses desejam fazer parte do seu país. Os ocidentais como Estados Unidos e União Européia dizem que o governo local é ilegítimo e que não podem se separar do resto da Ucrânia. O detalhe interessante dessa nótícia é que os moradores da Criméia não são exatamante descendentes de russos ou que possuam naturalização nesse país, mas são falantes nativos, ou seja, o russo é a língua natal deles e devido ao interesse estratégico o governo russo até facilita para quem mora na Criméia, tirar documentos naquele país.

Os exemplos estão em todo o mundo: o governo inglês proibiu por muito tempo o Gaélo, língua nativa da Irlanda e da Escócia, em uma tentativa de coibir as intenções separatistas dessas regiões, contudo esses movimentos estão em marcha e na Escócia estão marcando um plebiscito para escolherem se poderão se separar da antiga Grã-Bretanha, apesar das sanções prometidas, como a proibição do uso da moeda inglesa no novo país.

Um outro local do mundo, onde isso ocorre em mais situações é a Espanha, o território independente da Catalunha conseguiu mais sucesso em sua corrida separatista, usando dinheiro do que o seu vizinho, País Basco (Euskadi) com as bombas do movimento de separação E.T.A. (Euskadi Ta Askatasuna). Apesar das ações do governo da Espanha, como a declaração do ministro da Educação Wert que disse “precisamos espanholar a Catalunha”, em uma citação direta de que um dos pontos chaves do movimento separatista é o uso de sua língua natal e que isso faz parte da identidade desse povo.

A antropologia descreve a língua como o meio para transferência da cultura entre os membros de uma mesma etnia ou nação, isso foi mais formalizado com o surgimento da língua oficial:

“É a língua que é tomada como única num Estado (País). Ou seja, é a língua que todos habitantes do País precisam saber, que todos precisam usar em todas as ações oficiais, ou seja nas suas relações com as instituições do Estado. A língua oficial é também a língua nacional. Ou seja, não é possível que uma língua seja a língua oficial de um País sem ser também sua língua nacional. Isto mostra a relação forte estabelecida historicamente entre o conceito de Estado e o de Nação.”

Apesar de algumas idéias separatistas que se vinculam pela Internet, no Brasil, a língua oficial continua a ser o Português.

Foi um erro no passado, o modelo de Catecismo utilizado pela Igreja Católica com os indígenas brasileiros. Eles eram proibidos de usar a sua língua, seus nomes, sua cultura e tinham que se tornar “pessoas civilizadas”. O atual modelo de catecismo usado pelas ordens católicas, como os Jesuitas no oriente são mais integradoras, os orientais não necessitam alterar seu nome, sua língua ou seus costumes para se tornarem cristãos. Claro que, estamos totalmente cientes da necessidade da evangelização e apoiamos todas a iniciativas para que a Santa Sé continue em sua empreitada.

Não existe como se separar a língua da identidade cultural de um indivíduo, quando isso se faz é de uma enorme violência tentar privar a pessoa daquilo que a faz ser o que é. Quando lutaremos pela nossa língua, de igual modo que os outros povos o fazem? Apenas quando estiverem nos proibindo de a utilizar?

“A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.”  Aristóteles

Um rei sem reino!!!

A melancôlica vida do herdeiro da coroa portuguesa

Após a morte em 1976, de seu pai, Duarte Nuno,  que  Dom Duarte Pío de Bragança se tornou o legítimo candidato a rei de Portugal, mas parece não existir a possibilidade do povo pedir a volta do sistema monárquico em seu país.

Em entrevista ao jornal El País, o simpático rei conversa em um polido castelhano e ironicamente mostra o retrato de seu antepassado, Nuno Álvares Pereira, o qual havia derrotado os espanhois na guerra de Aljubarrota. Mesmo vencendo, ele se mostrou amistoso aos inimigos derrotados e os tratou com piedade. Fato este visto pelo Vaticano e Nuno Álvares foi santificado a pouco tempo, segundo Dom Duarte, apesar das negativas do governo espanhol.

A entrevista ocorreu em sua residência de São Pedro de Sintra, há quarenta quilometros de Lisboa, uma bela construção, antiga, rodeada por jardins e de aspecto envelhecido. A decoração é cheia de lembranças dos bons tempos, armas e retratos de antepassados famosos. Como o nosso imperador Dom Pedro I.

O título oficial de Dom Duarte é de Duque de Bragança, nasceu no exílio mas é português nato, pois foi em solo português na embaixada de Berna em 1945. Iniciou os estudos com os Jesuitas e se formou em agricultura pela Universidade de Lisboa. Depois foi cumprir o serviço militar em Angola, justamente nos anos da guerra, como mostra em retratos, ele era piloto de helicópteros.

Apesar de não possuir a coroa, sua agenda é bastante corrida. Preside uma fundação, como também participa do Conselho da Confederação Nacional de Cooperativas Agrícolas e Crédito. Recebe eventualmente algumas autoridades e figuras proeminentes em Portugal, como também é chamado a dar sua opnião a respeito de assuntos de interesse popular. Segundo o governo, ele não recebe ajuda de custos para seus gastos, mas possui um passaporte diplomático.

Diz que costuma viajar e que seu carro tem dez anos, e é contra os gastos do governo republicano em obras desnecessárias. Católico, abomina a posição do atual governo em permitir o aborto em vez de incentivar a adoção.

Casou há cinquenta anos com Isabel Inês de Castro Curvelo de Herédia , no momento em que era tido como solteirão convicto. Com ela teve três filhos, o maior, está com 16 anos e vive preso a um ipad. Segundo seu pai, tem gosto por biologia e se preocupa com a sucessão e não quer se tornar outra figura insignificante a margem da história.

“Es una responsabilidad: asumir la cabeza de una casa real con casi mil años de historia. Y servir al pueblo donde el pueblo diga, reinando o no”.  -” É uma responsabilidade assumir a liderança de uma casa real com quase mil anos de história. E servir a um povo onde ele diga,  reinando ou não.”

Fonte:  El País

Testemunha calada, Testigo silencioso

Testemunha calada,

Caído ao lado de uma calçada, um pedaço de bolo,

Testemunha calada,

Do infortúnio de um desastrado passante,

Que perdeu, logo cedo, seu desjejum,

Testemunha calada,

Do desdém das autoridades,

Como uma Maria Antonieta que pronuncia,

Se não têm pão, que comam bolo,

Testemunha calada,

Da fome de uma criança,

Com choro sentido, que da vida, reclama,

Testemunha calada,

Dum povo que passa, com coração duro,

Punhos cerrados e caminhar constante,

Testemunha calada,

Do sol, que com seus raios a tudo atinge,

Como um abraço, feito de luz,

Testemunha calada,

Até que um peludo longo nariz o ache,

De um mendigo, o melhor amigo,

Um cão, para que a sua fome mate.

Testigo silencioso, 

Caído al lado de una acera, un pedazo de la torta

Testigo silencioso,

De la desgracia de un transeúnte desventurado,

¿Quién perdió, temprano, el desayuno,

Testigo silencioso,

Del desprecio de las autoridades,

Como María Antonieta que pronuncia,

Si no tienen pan, que coman tortas

Testigo silencioso,

El hambre de un niño,

Con llanto triste, así es la vida, se queja,

Testigo silencioso,

Dum gente que pasa, con el corazón duro,

Puños cerrados y caminar constante,

Testigo silencioso,

Del sol, con sus rayos que llega a todo,

Al igual que un abrazo, hecho de luz,

Testigo silencioso,

Hasta que una nariz peluda para encontrar,

Un mendigo, su mejor amigo,

Un perro que mata el hambre.

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