A Guerra lá e cá

Conflitos podem ser piores do que guerras declaradas

O cessar fogo após 8 dias de conflito, deixa 162 palestinos mortos e 5 israelenses, segundo a agência de notícias Al Jazeera. O conflito que foi marcado pela velha retórica israelense de “estar se defendendo” de foguetes lançados do território de Gaza não deixa de mostrar a diferença tecnológica entre os dois lados. Enquanto os foguetes árabes, ultrapassados, no máximo fazem estragos em casas e lugares públicos, os bombardeios “cirúrgicos” de Israel mataram no início desse conflito o chefe de segurança do Hamas. O Hamas é a autoridade palestina escolhida pelo povo islâmico para comandar o território de Gaza em 2007. O governo israelense não aceitou a decisão popular e desde então tenta derrubá-los da autoridade palestina.

Da mesma forma que FEMEM, grupo de ativistas russas, fez em uma passeata contra o casamento gay e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, realizado pelo Civitas (grupo católico) na França. Ao atacarem os manifestantes e tentarem tirar a roupa de uma mulher, as ativistas do FEMEM foram expulsas e foram se queixar de estarem sendo agredidas. O governo israelense age assim também, como “minoria perseguida”, ataca e quando é rechaçado, se queixa de violência.

Recentemente, autoridades israelenses confirmaram a existência de assassinatos planejados de autoridades árabes. O que reabre as dúvidas sobre a misteriosa morte de Yasser Arafat, envenenado por material radioativo, segundo especialistas franceses.

No Brasil, um país tido como aparentemente pacífico, existe uma realidade parecida ou pior. No mês de outubro passado foram registrados 176 mortos em 150 casos de homicídios  culposos, com intenção de matar, um aumento de 92% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O conflito aberto que ocorre em Gaza conta com artilharia pesada e com o moderno sistema de defesa israelense, o que diminui em muito os estragos dos misses palestinos. O conflito “não declarado” que ocorre em São Paulo, tem como principal armamento, armas de fogo pessoais. Por serem fáceis de ocultar e o sistema de “guerrilha”, no qual, os alvos são escolhidos e determinados em situações de pouco movimento, no máximo bares.

Os motivos dessas chacinas são cobrança de dívidas de drogas, facções rivais e descoberta de policiais. Este último, por vários motivos. As ações de combate a entrada de drogas no estado, que surtiu efeito e diminuiu a quantidade de produto a ser comercializado nas ruas, enraivecendo grupos interessados. O vazamento de uma lista de dados pessoais de policiais, confirmada semana passada.

Diversas informações falam sobre pagamento de um “prêmio” por policiais mortos ou quitação de dívidas de drogas. A reação das autoridades foi a mudança de “chefes” do PCC (Primeiro Comando da Capital) para outros presídios, mais isolados e com segurança reforçada.

Devido a falta de mudança no quadro geral, com a continuidade da violência, nesta quarta-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a exoneração de Antonio Ferreira Pinto do cargo de secretário de Segurança Pública. A crise na segurança foi menosprezada pelo governo, que teria não aceitado uma oferta de ajuda do governo federal. Desde o dia 24 de outubro, 253 pessoas foram mortas na região metropolitana de São Paulo –média de 9,7 por dia.

Este ano, quase que dobrou a violência contra policiais, 95 policiais mortos desde o início do ano, contra 47 o ano passado, no estado. Perspectiva que faz diminuir o número de candidatos as vagas de policiais nas academias e desincentiva os membros da corporação a seguir carreira. A realidade deles é muito diferente de como era antigamente, para se chegar em casa ou ao sair, os policiais evitam usar fardas e adereços que mostrem a sua função, vivem acuados e com medo e com a ampliação do crime acabam morando em meio a áreas perigosas.

A saída da atuação das autoridades competentes nas áreas de risco das grandes periferias, o aumento do consumo de drogas e a crise econômica montam um cenário volátil. Uma mudança no papel da polícia é pedida à tempos, mas a discussão sobre a existência de duas polícias, civil e militar tomam tempo e desgastam a imagem das corporações. O tempo de meias medidas acabou, o governo deve agir em nome da população ou seremos um território em conflito aberto.

Fontes: Folha de S.Paulo e Al Jazeera