Cavaleiros Templários – Segunda Parte

Das Cruzadas a crise

“As cruzadas tomaram Antioquia (1098), Jerusalém (1099), e estabeleceram oprincipado de Antioquia, o condado de Edessa e Trípoli, e o Reino Latino de Jerusalém, os quais sobreviveram até 1291. A esta seguiram-se a Segunda Cruzada (1145-48) e a Terceira (1188-92) no decorrer da qual Chipre caiu sob domínio latino, sendo governado por europeus ocidentais até 1571. A Quarta Cruzada (1202- 04) desviou-se do seu curso, atacou e saqueou Constantinopla (Bizâncio), estabelecendo domínio latino na Grécia. A Quinta Cruzada (1217- 21) foi a primeira do rei Luís IX da França. Contudo, houve também um grande número de empreendimentos menores (1254 -91), e foram estes que se converteram na forma mais popular de cruzada.”

Com a crise entre o Papa Gregório IX e o Imperador Frederico II do Sacro Império Romano começou a ruir a fortaleza que era o poderio dos Templários no oriente próximo. Os muçulmanos atacavam de forma mais metódica, quebravam os suprimentos para os castelos e as cidades mais distantes, de forma a isolá-los do resto do exército de Deus. Isso foi gradativamente gerando uma retirada dos cristãos das terras conquistadas.

Uma vez, foram descritos por Jacques de Vitres, como “leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos”.  Agora, acossados pelas forças da Lua Crescente, perdiam esse brilho, o entusiamo da fé dava lugar a sentimentos mornos, como necessidade de segurança e comodismo. Outra questão que os cativava mais eram as finanças, cuidar das rendas dos reis da Europa e o patrimônio da Igreja tomava cada vez mais tempo e necessitava de muitos mais monges do que antes. Antes guerreiros, agora bancários. A boa vida havia os amolecido.

O desfecho veio em 1291, com a perda da Cidade de São João do Acre, última cidade cristã na Terra Santa. Fato que diminuiu a popularidade da Ordem frente aos soberanos cristãos e fez aparecer uma crise interna. Os mestres estavam desmotivados e não seria difícil ruir o sistema que restou.

Um país com um Rei endividado, com herdeiros de pouco valor e com muitas pretensões foi quem visualizou a chance de dar um bote nessa rica e outrora importante Ordem. Felipe IV, o Belo, rei de França, foi quem melhor se encontrava perante os Templários. Seu opulento reinado escondia uma grave crise financeira, seus herdeiros estavam sempre envolvidos em escândalos e tinha pretensões expansionistas além do seu poderio militar.

Felipe, com a ajuda de seu Guarda Selos, Guilherme de Nogaret, conseguiram a arquitetar a candidatura e a nomeação de um papa francês, um homem fraco de personalidade, Clemente V. Mas Felipe IV, foi muito ardiloso, apesar da lei da Ordem pedir para se evitar, o Grão Mestre, Jacques de Molay, foi padrinho de batismo da filha do rei. Com isso, se tornaram próximos, o bastante para que o rei soubesse muito sobre o funcionamento da Ordem.

O guarda selos foi o encarregado da correspondência entre o rei e o Sumo Pontífice, para que nada desse errado. Em 14 de Setembro de 1307, foram expedidas as ordens de prisão. Cumpridas em 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira que criou o mito da Sexta-feira 13. Um dia em que até os poderosos podem cair.

Na prisão, receberam toda sorte de tortura e muitos confessavam o que seja lá que for que os seus torturadores diziam. Que eles adoravam o anjo caído, que veneravam uma figura negra com partes de animal, parte homem. Tudo que os Inquisidores precisavam para uma acusação de heresia, fato este que somente poderia ser “curado” com uma fogueira sagrada.

Queimado na fogueira, Jacques de Molay, antes de morrer convoca os seus algozes a presença de nosso Senhor em até um ano. Ao ouvir tais palavras, o rei responde com um “deveria ter mandando cortar as línguas primeiro.” Apesar do ceticismo, a maldição acontece e em um anos, os três padecem, Guillherme de Nogaret, o Papa Clemente V e Felipe IV o Belo, que morre após um acidente em uma caçada.

Hoje, se sabe que o Papa planejava absolver os Templários e que a figura venerada por esses é o Santo Sepulcro, o véu em que nosso Senhor Jesus Cristo foi envolto em sua morte. Historicamente, esse véu desapareceu durante o período dos Templários, ressurgindo em uma coleção particular depois do desaparecimento da Ordem dos Templários.

Espólio e herança

A Igreja e os reis europeus lutam pelas riquezas da Ordem. As terras e as posses dos Castelos são mais fáceis, a herança filosófica é que foi mais complicado. Muitos são apontados como herdeiros, como a Franco Maçonaria, cuja origens poderiam ser de Mestres que na perseguição, fugiram da prisão indo se refugiar na Escócia.

Em Portugal, D. Diniz recebe ordens do Papa para entregar os bens dos Templários, o que ele fez foi transferir para uma nova Ordem, Ordo Militiae Jesu Christi (Ordem da Milícia de Jesus Cristo), em vez dos Hospitalários, que eram controlados pelo Papa. Um mistério foi a famosa esquadra dos Templários, que zarpou na noite das prisões e despareceu. D. Diniz nomeia o primeiro Almirante português, nessa época e Portugal nem tinha esquadra ainda.

Outros membros poderiam ter se refugiado na Suíça, sendo que antes disso o sistema bancário suíço não existia e os monges conheciam as forma de empréstimo, depósitos de valores e linhas de créditos que seriam o berço dos atuais sistemas bancários. Da Suíça, sairiam depois, soldados bem treinados que se tornariam mercenários em diversos exércitos europeus, como a famosa Guarda Suíça do Papa, que por sua lealdade se tornaram a guarda pessoal do Santo Padre.

Os membros restantes teriam mudado de nome e fugido para terras mais distantes a bordo de navios da Ordem.