Nacionalismo


Nenhuma palavra é tratada de forma tão preconceituosa em nosso país, quanto essa. Os brasileiros a temem tanto

Darcy Ribeiro em “O povo brasileiro”

quanto uma declaração de guerra. Pois bem, deve-se a inúmeros fatos, como nossa colonização, formas administrativas recebidas e os choques culturais adjacentes. Cada qual tendo seu quinhão nessa falta de uma identidade nacional, pois o brasileiro não sabe quem ele é, nem de onde vêm e tão pouco para onde se dirige.

A colonização exploratoria deu a esse país um sentido de que suas riquezas devem ser sulgadas e de obtenção de lucros e vantagens sobre o seu patrimônio, que de tão forte se incorporou as formas de trabalho do brasileiro como nas dos estrangeiros que para cá se dirigem com intuitos financeiros.

Outro ponto, a administração que recebemos de nossa metrôpole foi tão mal conduzida que fez o povo ter odio de seus governantes. Uma administração tipo ditatorial que na ausência do rei de Portugal, beneficiava a si mesma numa forma de autopreservação, que hoje, pode ser sentida em suas formas mais ilícitas como nos casos de nepotismos, funcionários fantasmas e toda a sorte de corupção. Isso foi tão gritante que, nos episódios das invasões holandesas, houve quem apoiasse os invasores, devido aos benefícios incorporados as populações locais. Coisa, com que Portugual jamais se preocupou.

Agora, o ponto mais difícel foi, os choques culturais, com todo o tipo de preconceito e arranjos. Os europeus que aqui vinha enriquecer formavam famílias para as quais não dava a mínima, com filhas de outros estrangeiros ou indias. Não havia nenhuma preocupação em se manter tradições. Pode se ver que mesmo com a vinda da família real em 1808, a aristocracia não vingou no Brasil e acabou desaparecendo e não apenas a forma de governo, mas toda a cultura que a cercava. Outros que contribuiram para isso, foram os padres, ao ensinar português aos índios e lhes proibirem de usar suas linguas nativas e o catecismo de forma tão contundente que não apenas fez desaparecer as antigas religiões, mas toda sorte de costumes a que elas estavam ligadas.

A tão sonhada, identidade nacional, uma idéia que sofre todo o tipo de sabotagem. Coisas pequenas que não são aceitas em outros países, mas aqui são comuns e normais. Como a tradução parcial, por exemplo, em uma revista espanhola, todo o texto está em espanhol, até mesmo o nome de um site(em espanhol é sitio) a que faz referência, e você encontrará o nome original somente na imagem desse artigo. No Brasil, não é assim, para se ter valor, o texto deve ter nomes em lingua estrangeira, principalmente inglês. As citações de autores estrangeiros e a importação de toda forma de know-how (como fazer) é valorizada, apesar de existirem os mesmos em âmbito nacional.​​​ Aqui em vez de termos uma valorização do produto nacional, existe sim, um medo do xenofobismo(medo de estrangeiros). O medo de ter medo é uma constante, não pode ser citado nada que seja nacional que já é criticado ou desmoralizado de forma incisiva. Mas o mesmo não ocorre com os produtos estrangeiros, os termos de linguística e os costumes. Os exemplos são ululantes: como software, hardware (em computadores), coaching, feedback (em Administração) e em outras matérias, de todas as áreas.

Como querem que o brasileiro tenha orgulho de uma imagem que não o representa. Ser o país do samba e do futebol já não é suficiente. As pessoas aqui mudaram e querem ser vistas lá fora num novo estágio, livre dos estigmas e sem estarem amarrados a uma caricatura de nacionalização, limitada e imatura.

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